Produção artesanal de farinha é destaque na festividade e símbolo da relação ancestral com a terra.
Na Comunidade Quilombola São Francisco do Matapi, a farinha não é apenas um alimento — é herança, cultura e resistência. Situada a 60 km de Macapá, a comunidade é genuinamente agrícola e tem na produção de mandioca e farinha uma de suas principais atividades econômicas e culturais.
A tradição da farinhada é passada de geração em geração, mantendo viva a relação com a terra e os saberes ancestrais. Desde o plantio da mandioca até o momento em que a farinha sai do forno, cada etapa é realizada com cuidado, técnica e, sobretudo, coletividade.
Durante a Festividade de São Francisco de Assis, a produção da farinha ganha destaque especial. O evento celebra o “Dia da Agricultura”, valorizando o trabalho das famílias que mantêm viva essa prática essencial para a identidade quilombola.
“A programação contempla rituais como o levantamento do mastro — símbolo de promessa religiosa —, a quebra da murta, a peregrinação da imagem, a santa missa, ladainhas, fogueiras, comidas típicas e o Dia da Agricultura, com destaque para a produção de farinha.”
A farinha do Matapi é conhecida por sua qualidade e sabor, resultado de um processo artesanal que envolve o uso da fécula de mandioca e técnicas tradicionais. Além disso, produtos derivados como o beiju (ou beju cica) também são preparados durante os festejos, reforçando a importância da mandioca na alimentação e na cultura local.
“Durante os festejos, práticas ancestrais como o preparo do beiju, feito artesanalmente com fécula de mandioca, e a oferta de carne suína criada pela própria família, eram elementos centrais da alimentação comunitária.”
A produção de farinha é, portanto, mais do que um meio de sustento: é um elo entre passado, presente e futuro. Ao valorizar essa prática durante a festividade, a comunidade reafirma sua identidade, fortalece sua economia e compartilha com visitantes um dos maiores símbolos de sua cultura.



















